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Meninos e meninas

Em tempos de rajadas de raios e trovões feministas, de reflexões, de corações frios e muitas perguntas sem respostas, vai aqui um depoimento de uma Maria.

Sempre fui menininha, de bonecas e costuras, de arquinhos e esmaltes, de músicas e danças, de histórias e poesias, de amigas e namoradinhos. O feminino (será mesmo uma questão de gênero?) me ensinou que a realização do amor passa pelo cuidar.

Com os meninos (será mesmo uma questão de gênero?), em todos os níveis, aprendi o gosto pela concretude. O pensamento pautado no sim e no não. A avaliação das hipóteses. A lembrança de que sempre se pode fazer uma escolha.

A vida me mostrou os dentes e as flores. Quando menina, eu não sonhava com o casamento, muito menos com o divórcio. Fiz das palavras a minha labuta, dos sentimentos a poesia, e jamais imaginei que trabalharia num universo completamente masculino.

Adulta, sou Maria João. Amo, cuido, faço escolhas e sou livre.

Se é verdade que os homens precisam de uma mulher que lhe dê freios, eu lamento, mas prefiro as asas. Eu quero o mundo inteiro, o que trago comigo, o das pessoas que amo, e o que está a descobrir.

Se é verdade que as mulheres querem um provedor, eu lamento, mas só me interessa a alma. Não quero coisas, nem ideias prontas, quero as mãos dadas e noites eternas.

Se meninos e meninas andam dando cabeçadas, eu insisto em acreditar que o amor é uma gentileza concreta da vida, uma escolha diária, por vezes dura, mas sempre há esta opção.

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