Todas as Marias

Não adianta fazer-se de outra coisa O que quero mesmo é bagunçar você Alterar o ritmo da sua respiração Invadir sem lógica seu pensamento estruturado Deixar um rastro do meu cheiro na sua rotina organizada Trocar as músicas do seu carro Até você cantarolar canções de amor Vou derramar o meu amor na sua vida Me deliciar com nossos corpos misturados Sorver as suas idéias e sonhos que me cabem Ver sua pele se arrepiar de desejo E ficar na dúvida de onde veio e pra onde vai o sangue que pulsa em minhas veias De nós dois, só me interessa a caos

O amor ilumina, reluz Reluz e ofusca Entorpece as feridas Simplifica os dramas Aquece o que é só frio Ah, o amor ludibria Esconde as pequenezas Infla o belo Te faz crer na falácia dos dias azuis Longe das chuvas Chuvas tão necessárias Assim como o frio Os dias sem flores Os silêncios E as dores profundas O amor é um fingidor

Marcaram num café.  Era mesmo despretensioso o encontro.  A conversa ia tateando. Ele se apresentando como um homem forte. Ela ressabiada. Chegaram os cafés.  Ela tomou quente e puro. Ele pediu o adoçante.  Colocou muitas gotas. A incompatibilidade de gênios estava posta.