Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho 14, 2015

Broto suculento

Era um broto fino de amor A terra era fértil, a água fresca O sol vinha vindo O broto queria crescer Folhinhas miúdas Poxa, ainda sabia se desenvolver depois de um longo inverno Crescer era pura adrenalina Também trazia antigas dores E todo o medo de ver-se grande outra vez Enquanto crescia Se distraia com a joaninha que passava Sentia nojo do rastro do caramujo Passou por tempestades E quando parecia crescidinho Suculento Veio um passarinho e comeu Fim.

Torpor

Chegou em casa entorpecido. Santo trabalho que ocupava a mente e esquecia o coração. Para ter certeza de que dormiria feito uma pedra, tomou uma cerveja. Ligou a TV e deitou. Encostou a cabeça no travesseiro e sentiu um incômodo persistente. Era o cheiro dela. Se irritou. Chegou a ouvir a respiração dela. A imagem dela se instalou. Ele levantou e tomou algumas gotas, nem sabe quantas, de rivotril. Amanhã há de ser um dia melhor.

Fé cega faca amolada

Acreditava no que os olhos dele diziam Via bem quando os olhos brilhavam E sentia arrepios quando era atravessada por aquele olhar que a mirava bem dentro Acreditava no que a pele dele dizia O arrepio ao toque Cada gota de suor As peles e pernas misturadas quando não sabiam quando acabava ela e começava ele Acreditava também, e essa era a parte mais difícil, nas palavras que ele dizia Quando falava olhava para o chão, escondendo o olhar Se encolhia, disfarçando as mensagens da pele E as palavras diziam coisas descombinadas com os outros dizeres Mas tudo estava dito.