Semana intensa essa. 50 anos de golpe militar e pesquisa que indica que as 65% das pessoas culpam as mulheres por serem estupradas. Eu tento não pensar nisso, tendo a achar que os deslizes de percepção humana são pontuais, mas em alguns momentos não tem jeito. Respeitar o outro é mesmo tarefa muito difícil. Entender que o outro é um ser autônomo, com desejos, direitos, corpo e alma independentes e livres. Aceitar que o outro é outro e não sou ninguém na vida dele até que ele me convide a ocupar algum cargo. E, mesmo esse cargo sendo nobre, continuo sendo apenas o outro. Difícil se recolher à própria insignificância de ser apenas um ser autônomo que não é nada além de você mesmo e que você não é mais importante que ninguém. Complicado não misturar o seu papel social com o ser humano que você é. Ditadura e essa conversa absurda que as mulheres merecem ser estupradas são apenas exemplos de como a cegueira cotidiana de ver o outro está arraigada em nossa cultura. Infelizmen...