Todas as Marias

Na quarta acordou suco de laranja Fez caminhada, equilibrada Na quinta, uma cervejinha Conversa boa, quero mais Na sexta, vodca Fire No sábado, mal se lembra Bom seria se pudesse esquecer No domingo, lembrou. Melhor um Campari Vermelho e amargo pra não mais se esquecer

No dia a dia Ele usava uma armadura Assim caminhava pelos perigos que lhe fascinavam certo de que permaneceria intacto Entre os perigos estava ela  Que usava uma lança Tinha o peito aberto e levava como arma os sentimentos perfurantes, bons e maus Quando se distraiam Quando se beijavam Quando se permitiam Ele tirava a armadura Ela guardava a lança E, por alguns momentos Eram amor

De você sei quase nada Olhos atentos Curiosidade A graça que mora antes da descoberta O momento do ponto no infinito Que pode chegar a qualquer lugar Ou lugar algum Quiçá

Oi, chega perto Deixa eu te dar um abraço De uma forma estranha, a vida misturou as vidas de nós duas Quando ele, de certa forma, misturou nossas salivas e suores, ele apresentou muito de você a mim, e de mim para você Reconheço esse seu sorriso e essa angústia que mora nos seus olhos Conheço bem os argumentos das histórias que te encantam E sei porque algumas mudam o ritmo da sua respiração De certa forma, sinto seus suspiros e gemidos Vem cá, dá um abraço Não escolhemos assim, mas temos amarguras e gargalhadas compartilhadas Foi ele quem nos misturou, mas esse reconhecimento íntimo pertence a nós duas