Todas as Marias

Era dia de decisão. Última partida do campeonato. Dia de corações apertados, de emoção à flor da pele. Cada um de um lado do campo. Cada coração com um motivo de sofrimento. No final da partida, apenas um estaria feliz. Diante do resultado, eles trocariam olhares cúmplices. Um engoliria o riso, o outro, o choro. Talvez aconteça um colo. Talvez um quase mudo "parabéns". Talvez fiquem uns dois dias sem se falar. Talvez um beijo cale qualquer desconforto. Talvez.

Oi Escrevo essa carta pois achei você aqui dentro. E achei muita coisa minha também. Incrível o que faz o tempo e como se refazem as memórias. É muito claro que menti quando disse que queria de volta todos os beijos que te dei. Pura mentira. O gosto deles ficou entranhado aqui. Gosto bom. Tem também um pedaço do seu sorriso aqui. E o ritmo da sua respiração. Lembro daquela história daquela sua tia meio maluca, aquele seu chefe que foi bacana quando deu aquele problema. E aquele fofinho do seu sobrinho. Ainda solto um risinho no supermercado quando vejo aquele sabonete que você gosta, e aquela pimenta que te deixou vermelho. Acho que vi aquela menina na rua. Continua meio baranga. Mas reconheço que é bem bonita. Hoje, em paz, vou fazer um brinde por nós dois. A história que vivemos está bem marcada aqui, hoje com muito mais flores que espinhos. Obrigada por se misturar comigo. Depois de tudo, hoje sou uma pessoa melhor.  Espero que você também. Tim tim