A gente estava lá em casa, no sofá. Noite leve, delícias, um miudinho tão especial. Passava aquele filme. Eu cochilei no seu colo. Acho que até babei um pouco. Quando acordei você me contou da cena que perdi. A gente estava feliz. Era tudo tão nosso que ninguém se preocupou em dizer nada. Ah, essas palavras que congelam o que deveria apenas fluir. Eram apenas nós, os nossos cheiros, as nossas ideias, a nossa presença, a nossa sintonia, a nossa alegria. Não faltava nada, muito menos palavras. A cena ainda me nutre a alma. Pílula de alegria nada clandestina. A simplicidade do eu e você. E na manhã seguinte a gente pertencia à cidade, a tantos outros, a tudo, menos a nós. Eu imagino a cena de ter te dito, docemente e decidida, "fica!". O nó da palavra. Fica na minha pele, fica na minha alma, fica nesse tempo à toa de nós dois. Fica perto, porque nessa noite, jogado no meu sofá, fincou bandeira no meu coração.
Maria eu, Maria você, Maria ela, Maria ele, Maria do João, Maria João, Maria nós