Pular para o conteúdo principal

Efeito palavra

A gente estava lá em casa, no sofá. Noite leve, delícias, um miudinho tão especial. Passava aquele filme. Eu cochilei no seu colo. Acho que até babei um pouco. Quando acordei você me contou da cena que perdi. A gente estava feliz.

Era tudo tão nosso que ninguém se preocupou em dizer nada. Ah, essas palavras que congelam o que deveria apenas fluir. Eram apenas nós, os nossos cheiros, as nossas ideias, a nossa presença, a nossa sintonia, a nossa alegria. Não faltava nada, muito menos palavras. A cena ainda me nutre a alma. Pílula de alegria nada clandestina. A simplicidade do eu e você. 

E na manhã seguinte a gente pertencia à cidade, a tantos outros, a tudo, menos a nós. Eu imagino a cena de ter te dito, docemente e decidida, "fica!". O nó da palavra. Fica na minha pele, fica na minha alma, fica nesse tempo à toa de nós dois. Fica perto, porque nessa noite, jogado no meu sofá, fincou bandeira no meu coração. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O amor quando se instala

O amor chega pelas flores E para que elas permaneçam É preciso aumentar a quantidade de folhas Fortalecer o caule Oxigenar a estrutura Em estágios avançados O amor reestrutura a raiz O que causa certa vertigem O momento do novo A entrada de tanto ar e água O amor se instala nas flores Folhas Caule Raízes Você inteiro: ar, água, tudo.

Pra sonhar

Que se danem o senso crítico, a Pós Modernidade, os profissionais do mau agouro Que fique no passado o que nos passou Non, rien de rien Quero me casar ao som de Marcelo Jeneci Assim "Pra sonhar" E nos entorpecer para viver os dias cinzas Eu aceito pagar língua, assumir-me irremediavelmente romântica Com a licença de Pessoa, ser ridícula Ao seu lado.

Dar conta

Para que fiquem juntos, é preciso e inevitável passar por três estágios: 1. o interesse 2. o desejo 3. o dar conta. O interesse desperta o flerte, a curiosidade, aquele gostinho de quero mais. O desejo é o encontro, a escolha, o coração aos pulos, aquele frio na barriga. O dar conta, ah, dar conta é outra história. É o emocional vestido de racional, são as vísceras gritando, os medos dando o tom. dar conta é tornar realidade a mistura de vidas, a junção de rotinas. É em parte se refazer e um bocado de coisa redimensionar para caber o outro. É dar conta de ser no plural. É manter o amor por si mesmo e também pelo outro. Dar conta é o exercício diário. Depois de dar conta ainda tem dias que despertam o interesse, e noites que alimentam o desejo.