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Mostrando postagens de outubro 11, 2015

Calor

Sobem os termômetros Sobem as alturas das saias O corpo fica meio anestesiado Os pensamentos, torpes As pernas bambas O corpo molhado O gosto de suor A pele queima Desta vez não era você Desejo meu Foi este tempo maluco Quem me comeu

Sistema

Tinha o plano definido. A partir de agora não se ludibriaria com sonhos vãos. Seus passos seguiriam apenas no sentido do que tinha alguma garantia de bons frutos. A paixão seria comedida e o coração não bateria com entusiamo nas situações de risco. Estava tudo certo. Só faltava aquele cheiro deixar de atiçar. Aquele gosto não ser assimilado a momentos de prazer. O ritmo daquela respiração não embalar. Era uma questão simples, de trocar todo o sistema operacional, reformatar a máquina e recomeçar como se o antes não tivesse existido.

Às avessas

Ela queria dizer "chega mais perto, eu sinto falta de você", mas temia a resposta dele. Ele queria dizer "estou curtindo, assim no meu ritmo, talvez mais lento que o seu", mas temia a reação dela. E diante desse sentimento de quase, de uma expectativa meio tensa, ela disse num desabafo, quase uma catarse, "vai embora! se não me quer me deixa seguir". Ele não disse nada. Ambos sentiram saudade. De fato, eles se gostavam. Tinha muito bem querer, além da tensão do quase, além do risco de querer mais. Ela sofria com o silêncio dele. Ele fugia dos excessos dela. E assim, às avessas, eles quase viveram um amor.