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Decreto

Estava decretado: aquele amor deveria acabar.
A partir deste momento, o cheiro dele não provocaria mais nada, a voz não embalaria o desejo, as histórias contadas por ele não despertariam nenhum interesse. Estava proibido lembrar dele quando acontecesse algo no trabalho, e jamais poderia querer ligar para ele para contar como foi o dia. O amor estava morto.

Estava decretado: aquele amor deveria começar.
A partir deste momento, ela seria o imã do olhar dele. Tudo que ela dissesse pareceria incrível. O colo dela entorpeceria, o corpo dela seria o céu. Seria construído ao lado dela o desejo de passar horas a fio curtindo a alegria do simples estar perto. O amor havia recomeçado.

Tudo certo, tudo muito claro. Até que...

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