Agarrada à santinha, fez a prece. Queria um amor. Um amor verdadeiro, desses que embalam a vida, desses que reforçam a crença nas bênçãos de Deus. A oração foi feita com fervor, e também intensa era a certeza de que seria atendida.
A partir daquele momento, via o amor pra onde quer que olhasse. Pegou o ônibus, rumo ao trabalho. O trocador a olhou diferente. Estranho, pois se viam todas as manhãs. "Agora tenho a força da prece", ela pensou. Quando olhou para ele, as bochechas ficaram rosadas. Diante da cena, ele sorriu.
Entrou e procurou uma cadeira. Sentia ainda o coração disparado, tocado pela força da fé.
No ponto rotineiro, desceu. Na mesma loja de todos os dias, trabalhou. Atendeu os clientes, vendeu as bugigangas. Por algumas vezes, lembrou da troca de olhares. Antes de dormiu, nem rezou. Apenas agradeceu.
Os dias passaram e ela não mais viu o trocador. Teria ele mudado de horário? De emprego? Seria casado e a esposa descobriu que ele se apaixonara, irremediavelmente, por outra? O que poderia ter quebrado a força da fé?
Passaram os meses. Ela se amargurou. Não sabia se protestava com a santinha, quiçá direto com Deus. Pensou em ir na empresa de ônibus, em pegar todos os carros, cada dia em um horário. Não entendia tamanho desencontro.
Numa manhã qualquer, resolveu ir caminhando para o trabalho. No caminho, recebeu o telefonema de um amigo. No intervalo da loja, foram comer um pastel. No final de semana, foram ao forró. Vida afora, um dia feliz noutro nem tanto, foram caminhando lado a lado.
Foi a santinha quem, desde o início, dizia a ela que tudo iria dar certo.
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