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O efeito da trilha sonora

Era primeiro encontro. Ambos maduros, com histórias para contar, corações com remendos mas com o desejo de bater forte. Se sentaram num bar e uma boa música tocava ao fundo. Conversa vai, conversa vem, até que chega a hora do bendito silêncio, mãos que se tocam, olhos que se miram, os lábios se enchem de expectativa e...
Parece que dizes, te amo, Maria! Na fotografia estamos felizes... Ainda te quero, bolero nossos versos são banais. Dizer que não quero teus beijos nunca mais...
Mais um chope, por favor! Quem sabe o clima melhora na próxima música.

O encontro era pra botar um fim em tudo. História desgastada. Fim de ano fazendo balanço e a certeza do the end. Ficaram dentro do carro mesmo, com aquele nó na garganta. Os olhos tristes. Ainda tinha aquele cheiro que despertava outras coisas, mas não era momento de mais nada além de resolver o que parecia caduco. O pen drive estava espetado no som do carro, e o modo aleatório ia escolhendo a trilha sonora. E quando deu o silêncio que antevia o adeus...
O meu amor tem um jeito manso que é só seu de me deixar maluca quando me roça a nuca e quase me machuca com a barba mal feita e de pousar as coxas entre as coxas quando ele se deita... Ai... Eu sou sua menina, viu, ele é o meu rapaz, meu corpo é testemunha do bem que ele me faz...
Silêncio afogado em beijos. Deixa o fim pra outro dia.


Comentários

  1. Silencio afogado em beijos. Nao é fim, é sim. Volupia (ela mesma: animal), desejo, instinto distinto, descoberta discreta, boca à queima roupa, linguas àvidas de paixao, maos atrevidas de tesao. Não é rima, so clima. Deixa rolar. deixa desenrolar. Deixa ver, deixa ter, deixa entreter. deixa chamar, deixa amar...
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