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Morada

O amor mora
no desejo,
na expectativa,
no cheiro,
no toque,
no querer,
no quotidiano,
nos sentimentos,
no contraditório,
na saudade,
no miudinho,
e até no coração.

O amor mora
em locais conhecidos ou estranhos,
em casas amplas e esquinas sujas,
em camas redondas e num cantinho qualquer.

O amor mora
onde ele se instala,
no momento de desatenção,
no galope do peito,
onde menos se espera,
onde tudo se perde,
em qualquer lugar.

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O amor quando se instala

O amor chega pelas flores E para que elas permaneçam É preciso aumentar a quantidade de folhas Fortalecer o caule Oxigenar a estrutura Em estágios avançados O amor reestrutura a raiz O que causa certa vertigem O momento do novo A entrada de tanto ar e água O amor se instala nas flores Folhas Caule Raízes Você inteiro: ar, água, tudo.

E bota no corpo uma outra vez

Subiu no armário Buscou o saco com as fantasias e os apetrechos de carnaval Riu ao lembrar do dia em que usou aqueles cílios postiços E sentiu o coração gelado quando viu aquela saia de bailarina Era apenas objetos... carregados de lembranças e cheiros No cantinho da mente, tocava aquela trilha sonora As lembranças desbotadas de vodca Respirou fundo Misturou os acessórios novos com aqueles cheios de histórias Sorriu E decidiu se jogar nos braços do Rei Momo Como se fosse a primeira vez