Pular para o conteúdo principal

Cantando para a lua

No céu, a lua sorria para Maria.
Era para ela, tinha certeza. Um sorriso tão aberto. Sinal de coisa boa por vir.

Maria escolheu uma calcinha especial. Caprichou no decote, nem muito aberto, nem muito tampado, com um quê de quero mais. Passou o perfume. Saiu certa de que a noite, assim como a lua, era dela.

Maria chegou no samba e era tanto João. Um havia de ser dela.

E ela se jogou na roda. E rodou a saia. Era falsa baiana, mas encantou. Maria arrancou olhares, ganhou sorrisos, sonhou com as promessas. A noite era dela, a lua não brincaria com isso.

O sol raiou, a lua se escondeu, o samba acabou. Maria tirou os sapatos, foi caminhando descalça, de volta à vida. O saldo da noite foi um bilhete, com um número de telefone. Talvez só isso. Talvez um novo começo. Talvez outra frustração. Fosse o que fosse, era o presente da lua, da lua que sorriu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O amor quando se instala

O amor chega pelas flores E para que elas permaneçam É preciso aumentar a quantidade de folhas Fortalecer o caule Oxigenar a estrutura Em estágios avançados O amor reestrutura a raiz O que causa certa vertigem O momento do novo A entrada de tanto ar e água O amor se instala nas flores Folhas Caule Raízes Você inteiro: ar, água, tudo.

Nuvem

Os efeitos do tempo são únicos Esvoaçante Passam os dias, as semanas, os meses E as lembranças vão compondo a grande nuvem Um cheiro Uma palavra Um olhar Uma imagem Mas quando se tenta tocar, desmancha no ar O tempo deixa tudo suave O que foi bom O que foi ruim Tudo em tons pastel Todos na mesma nuvem

Pra sonhar

Que se danem o senso crítico, a Pós Modernidade, os profissionais do mau agouro Que fique no passado o que nos passou Non, rien de rien Quero me casar ao som de Marcelo Jeneci Assim "Pra sonhar" E nos entorpecer para viver os dias cinzas Eu aceito pagar língua, assumir-me irremediavelmente romântica Com a licença de Pessoa, ser ridícula Ao seu lado.